A arte da fotografia é assunto para toda uma vida. A ideia aqui é só mostrar alguns conceitos básicos sobre os tipos de câmeras digitais que existem e alguns dos muitos termos técnicos utilizados pelo pessoal que fotografa. Seja utilizando uma câmera compacta ou equipamento dito “profissional”, hoje a fotografia digital facilita muito a vida de quem quer registrar a natureza. Imagine que há poucos anos havia um custo por trás de cada disparo feito por uma câmera analógica (mesmo que resultasse em uma foto ruim), pois era preciso comprar um filme fotográfico e depois pagar pela revelação. E você só podia ver o resultado depois que as fotos haviam sido reveladas, em estabelecimentos especializados, muitas vezes dias ou semanas depois da passarinhada. Hoje é tudo instantâneo e também ficou muito mais fácil editar as fotos com softwares e aplicativos específicos para esse fim.
Câmeras compactas
São os modelos mais simples, menores e também os mais leves. Antigamente havia uma infinidade de modelos disponíveis para comprar, mas a maioria foi substituída pelas potentes câmeras dos smartphones atuais.

Para birdwatching dá-se preferência aos modelos conhecidos como superzoom ou “semi-profissinais”, que têm uma lente que garante um zoom óptico de 5 vezes ou mais. As máquinas superzoom são relativamente fáceis de operar, com vários modos automáticos, mas exigem ambientes bem iluminados para garantir boas fotos. Em geral também são um pouco lentas, não permitindo bater várias fotos em seguida (o que pode ser útil ao registrar aves que estão se movimentando rapidamente).
Câmeras DSLR
Também conhecidas como câmeras “profissionais”, a sigla DSLR significa Digital Single Lens Reflex. São máquinas que permitem fazer um grande número de ajustes manuais. A maioria delas têm lentes intercambiáveis, o que significa que você pode ter várias lentes diferentes para utilizar na mesma máquina.

Para fotografar aves são utilizadas lentes teleobjetivas, que são aquelas que possuem uma grande distância focal, permitindo fotografar objetos distantes. Essas lentes podem ter uma distância focal fixa, por exemplo 350mm. Ou podem permitir ajustar a distância focal dentro de uma faixa pré-estabelecida, como lentes 70-300mm ou 80-400mm.
Definir o grau de ampliação (zoom óptico) de uma teleobjetiva é algo complexo, pois depende do tamanho do sensor do corpo da câmera e outros detalhes. Por isso essas lentes são caracterizadas pela distância focal, e não pelo zoom. Fotógrafos de natureza costumam preferir lentes com estabilizador para registrar aves. Não é um item obrigatório, mas ajuda muito a obter fotos menos tremidas.
Vocabulário de fotógrafo
Uma breve explicação sobre alguns termos mais utilizados. Fui muito lacônica, por isso consulte literatura especializada (como blogs escritos por fotógrafos de verdade) ou faça um curso específico para saber mais sobre esses temas!
Zoom óptico e zoom digital → O zoom óptico (também conhecido como “zoom verdadeiro”) é a ampliação da imagem obtida pelo conjunto de lentes da câmera fotográfica. Já o zoom digital nada mais é que um recorte da foto original, que é “esticada” pelo software da máquina. Se sua câmera oferece os dois tipos de zoom, prefira fotografar dentro do limite de ampliação do zoom óptico. Depois, utilizando um software ou aplicativo de edição, você sempre poderá recortar (“cropar”) manualmente a foto, respeitando os limites da resolução da imagem.

Resolução → A resolução é uma medida da definição de uma imagem. Quanto maior a resolução de uma imagem, mais detalhes estarão incluídos no arquivo digital. Fotos com maior resolução tem arquivos maiores (pois exigem mais informação armazenada, portanto mais pixels e consequentemente mais megabytes) do que fotos com menor resolução.

Quanto maior a resolução de uma foto, maior o tamanho em que ela poderá ser impressa sem que fique quadriculada (ou “pixelada”). Por isso, configure sua máquina para salvar as fotos na maior resolução possível, o que vai depender da capacidade do sensor. Opte por fotos com mais pixels (que são informados em largura X altura), mas lembre-se que desta maneira as fotos vão ocupar mais espaço e, portanto, um número reduzido de fotos poderá ser salvo no cartão de memória.
RAW ou JPG → Existem muitos formatos diferentes de arquivos de imagens digitais, tais como GIF, PNG, BMP, TIFF… Cada um é melhor para um tipo diferente de imagem. Para fotos, o formato mais usual é o JPG, também conhecido como JPEG. Porém, este formato de arquivo compacta as informações para ocupar menos espaço (menos megabytes), o que ocasiona em alguma perda de informação e consequentemente de qualidade da foto. Fotógrafos profissionais preferem salvar suas fotos no formato RAW, pois este formato não compacta as informações e permite realizar, posteriormente, uma melhor edição das fotos. Atente que o formato RAW ocupa muito mais espaço que o formato JPG, e algumas câmeras podem ficar lentas, demorando mais para processar este tipo de arquivo.
Regra dos terços → É uma técnica de enquadramento que ajuda a evitar fotos onde o assunto principal (no nosso caso, a ave) esteja centralizado. Nada contra fotos com aves centralizadas, mas essa é uma dica para quem quer variar e testar outros enquadramentos, fugir do lugar comum.

Ao fazer o enquadramento, imagine duas linhas verticais e duas linhas horizontais dividindo a imagem. O encontro destas linhas dá origem a quatro pontos de ouro, que são considerados áreas de interesse dos nossos olhos. Ao posicionar o assunto (na foto acima, o biguá) sobre uma dessas linhas, preferencialmente sobre dois pontos de ouro, obtemos um enquadramento agradável, com espaço livre para “respiro” do lado direito.
A ideia é preencher 2/3 da foto com o assunto e manter 1/3 livre para suavizar e não deixar a foto muito “carregada” de informação. Repare que no exemplo, o espaço livre foi deixado propositalmente à direita, pois é a direção em que o biguá está olhando.
Como toda regra, ela pode ser quebrada! Fotografia é algo muito subjetivo e essa é só uma sugestão. No momento de fotografar pode não haver tempo suficiente para pensar em tudo isso, por isso é interessante deixar uma margem de espaço extra ao redor da ave. Desta maneira você poderá recortar a imagem como achar melhor depois.
Bibliografia consultada
Gerlach, J & Gerlach B. (2007) Digital nature photography: the art and the science. Elsevier, 187 p.
Reznick, R. (2004) Digital photography: acquisition and processing techniques. RR Design, 104p.