Passarinhando no Parque da Aclimação, São Paulo

Antes da pandemia eu costumava ir para São Paulo com frequência. Quase sempre aproveitava para dar um pulo no Parque da Aclimação, que é a área verde mais próxima de onde eu ficava. Tenho um grande carinho pelo parque, que sempre proporcionou muitos passarinhos e onde conheci muita gente que também se interessa por eles. Agora o parque encontra-se fechado, novamente, por conta da fase vermelha, roxa, nem sei mais. Esses dias bateu saudades de lá, e de escrever sobre passarinhadas, então resolvi resgatar algumas fotos e registros feitos nos últimos anos.

Para quem está começando a observar aves, o Parque da Aclimação é um prato cheio! Há um comedouro muito bem abastecido que sempre fica lotado de aves pela manhã. Muitas pessoas fazem uma parada ali para observar a passarada. As aves mais fáceis de encontrar no comedouro são os sanhaços, sabiás, periquitos, bem-te-vis e o pica-pau-de-cabeça-amarela. Isso mesmo, alguns pica-paus comem frutas! Aliás, de todos os parques de São Paulo que eu conheço, o Parque da Aclimação é o melhor lugar para avistar o pica-pau-de-cabeça-amarela (também conhecido como joão-velho).

Quem abastecia o comedouro era o “japonês dos passarinhos”, Sr. Mano. Frequentador assíduo do parque, ele percorria feiras diariamente em busca de frutas que seriam descartadas. Essa era sua rotina desde 2004! Infelizmente, por causa da pandemia, ele não tem ido mais ao parque.

Outra ave muito abundante no Parque da Aclimação é o sabiá-laranjeira. Eles estão por todos os lados! De fato, este é o sabiá mais comum na cidade de São Paulo. De uns tempos pra cá os sabiás paulistanos começaram a cantar de madrugada, para evitar a barulheira do trânsito e conseguirem se comunicar.

No parque há um grande lago habitado por garças, socozinhos, biguás, biguatingas, martins-pescadores… Também vivem ali alguns cisnes-negros (Cygnus atratus), mas estes cisnes não são nativos do Brasil, sua origem é australiana.

Usuários do eBird já registraram 100 espécies de aves no parque, cuja lista pode ser conferida aqui. Já consegui fotografar algumas delas mas não haveria espaço para todas neste post, por isso criei uma galeria de fotos especialmente para o Parque da Aclimação. Espero poder voltar lá em breve para deixar a galeria mais completa!

Hoje o Parque da Aclimação tem aproximadamente 112 mil metros quadrados, mas ele já foi maior. Sua área foi comprada em 1882 por Carlos Botelho, filho de Antônio Carlos Botelho (mais conhecido como Conde do Pinhal). Carlos Botelho era médico e havia estudado na França. Sua inspiração para a criação do parque foi o Jardin D’Acclimatation, situado em Paris.

Com mais de um século de história, o Parque da Aclimação resiste ao crescimento da cidade. Há muitos desafios para sua administração, como a grande quantidade de visitantes que recebe (principalmente aos finais de semana, quando fica muito cheio) e uma superpopulação de gatos abandonados que ameaça a vida silvestre local.

Antes da pandemia, estavam acontecendo oficinas de observação e mapeamento lúdicos das aves do parque, uma iniciativa de Cibele Gardin (do Movimento de Mães e Pais da Aclimação) e da bióloga Ângela Camargo, por meio da Biblioteca Raul Bopp. Espero que essas atividades possam retomar em breve!