O Parque Nacional Torres del Paine fica no sul do Chile, na região de Magalhães. Seus 227 mil hectares abrigam paisagens muito distintas, com direito a lagos, glaciares, bosques decíduos e amplas áreas forradas de estepe patagônica. Cerca de 120 espécies de aves podem ser encontradas no parque, entre elas o emblemático condor-dos-andes (Vultur gryphus).
Com uma excelente infraestrutura, o parque recebe milhares de turistas todos os anos. Existe uma infinidade de trilhas que podem ser feitas sem a necessidade de guias, e há locais para acampar e até mesmo refúgios espalhados por todo o parque. A rota mais popular é uma sequência de trilhas que formam um “W’. Nossa ideia inicial era fazer este percurso em 3 dias, mas a chuva e o vento forte simplesmente não permitiram. Acabamos conhecendo apenas uma pequena parte do parque, mas foi o suficiente para ficarmos deslumbrados!
Saímos de Puerto Natales, a cidade mais próxima de Torres del Paine, depois do almoço. Cento e cinquenta quilômetros depois o ônibus nos deixou na portaria do setor Laguna Amarga, de onde pegamos um translado até o refúgio Las Torres. Os primeiros passos dentro do parque foram algo quase mágico, havia vida e movimento onde quer que eu olhasse. Um bando de curicacas-de-coleira (Theristicus melanopis) forrageava na vegetação rasteira, dividindo espaço com quero-queros (Vanellus chilensis), tordos patagônicos (Curaeus curaeus), zorzais austrais (Turdus falcklandii), loicas (Sturnella loyca) e, claro que não podiam faltar, muitos tico-ticos (Zonotrichia capensis).
O tico-tico é uma ave que se adapta com incrível facilidade às mais variadas condições de vida. A espécie ocorre do sul do México até a Terra do Fogo, podendo ser encontrada em altitudes acima dos 4.000 metros. Lembro que fiquei maravilhada quando me deparei com vários deles ao longo da extenuante trilha inca, no Peru. Lá, assim com em Torres del Paine, eles tem um canto bem diferente ao qual estou habituada aqui em São Paulo. Prestando bastante atenção, dá pra perceber que mesmo o padrão da plumagem é discretamente diferente.
Todo turista é avisado da presença de pumas (Felis concolor) e “zorros” ou raposas (Pseudalopex griseus) no parque. Bem que eu procurei, mas não vi nenhum deles. Os únicos mamíferos que observei foram os guanacos (Lama guanicoe) e lebres (Lepus capensis), ambos muito abundantes. Os guanacos são nativos da América do Sul e pertencem a mesma família das lhamas, vicunhas e alpacas. Já as lebres são uma espécie européia, introduzida na região por volta do século 19.
Neste primeiro dia no parque nos limitamos a dar uma volta para nos situar e conhecer os arredores do refúgio Las Torres. No verão escurece muito tarde, e muitos animais continuam ativos até as 21 ou 22 horas. Deu tempo de avistar alguns cabecitasnegra austrais (Carduelis barbaba), muitos colegiais (Lessonia rufa) e um casal irrequieto de rayaditos (Aphrastura spinicauda). Vimos também muitos chimangos (Milvago chimango) voando, até que um finalmente pousou e consegui fotografar.
Com uma enorme montanha gelada e as três torres como pano de fundo, foi uma caminhada muito agradável. Ventava muito, mas não foi nada em comparação com o que o dia seguinte nos reservava…
(Em breve coloco o link da próxima postagem aqui! Será sobre nossa próxima parada, o Acampamento Chileno.)
1 Comentário
Muito legal essa postagem amigos, gostei muito…