Estive em João Pessoa no mês de Julho, para participar do 28º Congresso Brasileiro de Anatomia. Não tive muito tempo pra turistar, mas entre uma palestra e outra consegui dar um pulo no Jardim Botânico Benjamim Maranhão e no Parque Zoobotânico Arruda Câmara.
Também conhecido como Mata do Buraquinho, o jardim botânico de João Pessoa fica bem no meio da cidade e é muito grande, com mais de 500 hectares. Eu estava bastante animada para conhecê-lo! Entrei em contato previamente e me informaram que o acesso às trilhas somente é feito com o acompanhamento de monitores, mas que haviam visitas monitoradas de terça à sexta, em alguns horários pré-definidos. Cheguei no local a tempo de participar de uma dessas visitas mas, naquele dia, nenhuma monitoria foi realizada. Sem muitas explicações, nem eu nem outros visitantes (incluindo alguns turistas estrangeiros) pode conhecer a mata. Foi um balde de água fria…
Fiquei perambulando pela pequena área do jardim botânico que é aberta a visitação e consegui observar algumas aves ali. Destaque para a grande quantidade de andorinhas-serradoras que estavam empoleiradas em uma árvore baixa, ao lado do laguinho. Também haviam muitos urubus-de-cabeça-vermelha no céu. Infelizmente não tive outra oportunidade para voltar ao jardim botânico.
Muitas pessoas sugeriram que eu observasse aves no Parque Arruda Câmara, que é um zoológico entremeado a um fragmento florestal. A primeira vista pode parecer estranho observar aves em um zoológico, mas alguns zoos podem se revelar lugares muito interessantes para um birdwatcher. E não, não estou falando das aves em cativeiro! Quando morava em São Carlos, estive muitas vezes no Parque Ecológico Dr. Antônio Teixeira Vianna para passarinhar e fiz muitas fotos de aves em vida livre por lá.
Era domingo e cheguei ao Parque Zoobotânico – que é conhecido pelos pessoenses como “A Bica” – assim que a bilheteria abriu, às 8 horas da manhã. A temperatura estava muito agradável, haviam poucos visitantes e consegui observar várias aves por lá (veja a lista completa aqui). Começando pelas lavadeiras-mascaradas, logo na entrada do parque. Esta simpática espécie ocorria apenas na região Nordeste, mas está ampliando sua distribuição em direção ao Sul do país, como consequência do desmatamento e urbanização.
O parque estava em manutenção, com obras para todos os lados. Fiquei caminhando somente pelas trilhas no meio da mata e praticamente nem vi os recintos dos animais do zoo. A mata é bonita e cheia de vida, com muitos sabiás, sanhaços e beija-flores. O casal de ariramba-de-cauda-ruiva foi um show à parte. Tenho paixão por esta espécie!
Do outro lado do parque há um pequeno lago, acho que este é um dos melhores pontos para observar aves por lá. Havia um grande número de sanhaços-do-coqueiro e bentevizinhos-de-penacho-vermelho no alto das árvores, fazendo barulho e muita baderna.
Desde que havia chegado em João Pessoa eu estava à procura de duas espécies que não ocorrem no estado de São Paulo e esperava poder ver por lá: o bico-chato-amarelo e o beija-flor-de-barriga-branca. Dito e feito, encontrei ambos ali pertinho do lago! O beija-flor não consegui fotografar, mas o outro permitiu um singelo registro. Ele estava iniciando a construção de um ninho pendurado, no mesmo estilo do ninho do ferreirinho-relógio, espécie que também apareceu por ali.
No brejo encontrei muitas aves que gostam desta proximidade com a água: jaçanã, anu-preto, curutié, andorinha-do-rio, socozinho, saracura-três-potes e, claro, muitas lavadeiras-mascaradas. Fiquei feliz em rever o frango-d’água-azul, fazia tempos que não encontrava um!
1 Comentário
Legal seu relato de experência ! Estou morando em João Pessoa e pretendo ir nos parques para visitar e voltar para ver mais! Obrigado pelo belo registro.