Nada como um congresso acadêmico para ficar em dia com as últimas novidades na área e finalmente ver o rosto de tanta gente que eu só conhecia por meio de artigos científicos e citações. Além de ser uma boa desculpa para fugir desta gélida São Carlos e curtir um pouquinho dos 30 graus que faz em Cuiabá em pleno outono-inverno.
Não é fácil falar de um evento como esse. Mil coisas me vêm à cabeça ao mesmo tempo, já que realmente é muita informação passada em apenas cinco dias. Diria que os temas biodiversidade e biologia reprodutiva ganharam maior foco, assim como as questões que afetam o cerrado e o pantanal mato-grossense, um dos objetivos do congresso este ano.
Ao longo de três dias, cerca de 180 painéis foram apresentados por alunos de graduação e pós-graduação, assim como algumas ONGs. A maioria tratava de levantamentos de avifauna, mas também haviam trabalhos sobre comportamento, biologia reprodutiva, ecologia e conservação. Só para citar alguns, achei bacanérrimos os trabalhos realizados com o ameaçadíssimo pato-mergulhão (Mergus octosetaceus) na serra da Canastra, assim como os de biologia reprodutiva do joão-de-barro (Furnarius rufus) em Curitiba. Aliás, a questão de pesquisar aves raras e/ou aves comuns gerou uma das discussões mais interessantes durante uma mesa-redonda. Por um lado é absolutamente clara a importância de estudar aves sob perigo de extinção, que muita vezes constituem populações pequenas e de difícil acesso. Por outro lado, ignoram-se estudos importantes que poderiam ser feitos com aves extremamente comuns, que vivem no ambiente urbano, e cujo tamanho populacional facilita (e muito!) a análise dos dados sob um ponto de vista estatístico.
Infelizmente, a maioria dos debates não rendeu muito. A maior parte dos congressistas eram estudantes de biologia (o que é ótimo!) mas faltaram profissionais mais experientes na platéia. Muitas vezes não havia sequer uma pergunta ao final de uma palestra, e isso é preocupante. Fora todo o burburinho em relação aos problemas na organização do evento, que, na minha opinião, teve uma taxa de inscrição bem cara.
Críticas a parte, tive bons momentos e conheci muita gente bacana (um abraço pro pessoal da UFPR e da USP-Ribeirão Preto, vai ficar saudade!). Agora é esperar pela próxima edição, que deve acontecer no fim de 2012, lá em Maceió.