Essa é a primeira vez que escrevo sobre uma viagem que não fiz. Vontade não faltou, mas não pude ir e dessa vez o maridão foi passarinhar sozinho. Voltou com a câmera repleta de fotos e eu fiquei aqui, babando com cada passarinho diferente que ele registrou. Afinal, o Monte Roraima é uma região com alto grau de endemismo, ou seja, existem muitas espécies de animais e plantas que só podem ser encontrados lá.
A trilha é feita a partir do lado venezuelano, com saídas regulares de Santa Helena de Uairén. É preciso contratar uma agência para fazer essa excursão. Ao todo são sete dias de caminhada: dois para ir, três para conhecer o platô e mais dois para voltar. O Victor garante que apesar de longa a trilha é bem tranquila. Eu duvido um pouco, afinal teve gente no grupo dele que sofreu para terminar. Imagino que deve ser um pouco mais light que a Trilha Inca, com a vantagem que no Monte Roraima dá para tomar banho (gelado!) todos os dias…
Demorei para identificar algumas espécies. Primeiro porque só conheço as aves mais comuns, como o urubu-de-cabeça-vermelha (Cathartes aura), o carrapateiro (Milvago chimachima), o tico-tico (Zonotrichia capensis). Todos os outros são ilustres desconhecidos. Outra dificuldade é ter apenas a foto como referência. Não sei o tamanho real do bicho, não sei onde ele estava nem como era seu comportamento. Esse aí em baixo foi o que me deixou mais na dúvida. Acredito que seja o papa-moscas-canela, uma ave relativamente difícil de encontrar.
A região é muito úmida e chove bastante, o que atrapalha bastante na hora de tirar fotos. É preciso ter cuidado com o equipamento fotográfico. É só dar uma bobeada e as lentes já ficam embaçadas.
A maior parte das aves são observadas no caminho para o Monte Roraima. Lá em cima a vegetação fica muito rala e quase nenhum animal é visto. A paisagem é desolada, com formações rochosas exóticas e um visual meio alienígena. Não é a toa que o lugar inspirou o inglês Arthur Conan Doyle a escrever O Mundo Perdido. Dinossauros, infelizmente, só no livro. Mas o platô é o lugar preferido dos tico-ticos! E eles estão tão acostumados com os turistas que vêm comer na mão.
Além da trilha, outra opção bastante interessante para observar aves é nos arredores de Santa Helena de Uairén. A cidade localiza-se no meio da chamada Gran Sabana. A região é bonita, com trilhas leves e muitas cachoeiras. Foi nesse passeio que o Victor fotografou o casal de tem-tem-de-dragona-vermelha.
Nem preciso dizer que a trilha para o Monte Roraima entrou pra minha lista de futuras passarinhadas, né?
Crédito das fotos: Victor Skrabe
2 Comentários
Para mi es una hembra de Polystictus pectoralis. Muy buenas fotos de un lugar que me fascinaría conocer. Excelente página
Saludos
Muito obrigada Hernán!