O Parque Estadual da Cantareira se estende por quase 8 mil hectares de Mata Atlântica. É tão grande que abrange áreas de quatro municípios paulistas: São Paulo, Mairiporã, Guarulhos e Caieiras. Por esse motivo não é possível conhecer o parque todo em apenas um dia.
Estávamos em São Paulo no último 7 de Setembro e aproveitamos para explorar a porção do parque que é mais próxima da cidade: o Núcleo Pedra Grande, que localiza-se a apenas 10 km da Praça da Sé. Chegamos lá de manhã cedo e encontramos um pequeno grupo de pessoas que aguardavam para entrar no parque, que abriu pontualmente às 8 horas.
O Núcleo Pedra Grande apresenta algumas opções de trilhas. Fomos aconselhados por outros observadores de aves a fazer a Trilha das Figueiras e a Trilha do Bugio, que são curtas, mais planas e com menor fluxo de pessoas. Mas como não conhecíamos o parque e estávamos com bastante disposição para andar, optamos pela Trilha da Pedra Grande, que tem 9,6 km (ida e volta). É um tanto íngreme, mas o caminho é asfaltado e bem fácil.
A ideia era observar aves, mas sem muita neura. Nem cheguei a tirar a câmera da mochila, fiquei curtindo só com binóculos. Tenho feito isso com mais frequência, o problema é que fico sem registros para ilustrar as postagens aqui no blog… Por sorte o Victor fez algumas fotos!
Logo no início da trilha encontramos uma placa com informações sobre o tangará (também conhecido como tangará-dançarino), uma das mais de 300 espécies de aves que ocorrem na Serra da Cantareira. Na hora pensei que seria legal ver o passarinho e poder mostrar uma foto dele ao lado da placa. E não é que deu certo? O próximo desafio é fazer a foto dele pousado nessa placa!
Pequeno, o tangará-dançarino tem apenas uns 12-13 cm, sendo mais fácil de ouvir do que de ver. A fêmea é ainda mais difícil de observar, pois é toda verde, camuflando-se bem em meio as folhas. O tangará-dançarino recebe este nome pois, durante a época de reprodução, os machos se reúnem em pequenos grupos e se exibem para as fêmeas com uma dancinha super elaborada.
Durante a subida até a Pedra Grande vimos muitas tiribas, que passavam voando em bandos por cima das árvores. Paramos para ver o arapaçu-verde procurando insetos nos troncos das árvores, enquanto um bando misto fazia barulho na copa. Lá no alto, o pequeno gaturamo-bandeira desfilou por alguns segundos e voou. Um pouco mais adiante invertemos os papéis e quem parou para nos observar foi o barranqueiro-de-olho-branco, desconfiado.
A vista lá de cima é fantástica. Vale a caminhada! Quando chegamos haviam menos de dez pessoas, mas alguns minutos depois a Pedra Grande ficou lotada. Tentamos visitar um pequeno museu que foi construído ali, mas estava fechado. Decidimos então esticar um pouco a trilha e andar um quilometro e meio a mais até o Lago das Carpas. O lugar é simpático, mas já eram umas 10 horas e o parque como um todo estava cheio de gente.
A volta é fácil, ladeira à baixo. Passamos por um número cada vez maior de pessoas que estavam subindo em direção à Pedra Grande, o que dificultou a passarinhada. Foi um pouco decepcionante pois eu não esperava ver uma multidão daquelas ali, mas ao mesmo tempo fiquei feliz em saber que existe tanta gente disposta a acordar cedo num feriado para desfrutar do lugar (o parque só abre para visitação aos fins de semana e feriados). Ainda assim, deu para escutar algumas aves em meio ao burburinho: pula-pula-assobiador, bico-chato-de-orelha-preta, pitiguari, choca-da-mata, jacuaçu… até mesmo a discretíssima juriti-gemedeira.
Gostamos bastante do Núcleo Pedra Grande, a mata é muito bonita neste trecho do parque. Espero poder voltar e explorar com calma as outras trilhas. Mas ainda faltam três núcleos para visitar: Engordador, Águas Claras e Cabuçu. Vambora?
4 Comentários
Oi, adorei o post!
Adoro esse parque e já fui umas 2 ou 3 vezes. Uma dica para passarinhar é ir nas férias de julho ou dezembro/janeiro, pois o parque abre durante a semana tb e fica bem vazio! Fui num dia assim é pude ver um casal de surucuá, uma coruja e alguns mamíferos (pregos e bugios). Vale a pena ir nessa época!
Valeu a dica Juliana! Vou deixar pra voltar nesses meses então.
Boas passarinhadas!
Oi! Estive em Extrema (MG) este fim de semana, e vi um passarinho lindo, azulzinho e com cabeça laranja. Pensei que fosse o que vi em um documentário recente da Netflix, Nosso Planeta… E era mesmo! O Tangará dançarino! Depois de ve-lo, entrei no App Merlin (que vc indicou outra vez) e confirmei que era! Daí já vim aqui ver alguma postagem.sua com mais informações. Amo fazer trilha, e agora ando tendo mais um motivo para as caminhadas na mata: passarinhar rsrsrsr obrigada pelo incentivo!
@vida_natrilha >>>insta! Me segue lá
Bem vinda ao mundo dos observadores de aves! :) Bora marcar umas passarinhadas pela região???