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Passarinhando por aí

Passarinhando no Hotel Sesc Porto Cercado (MT)

por Passarinhóloga 03/09/2022
03/09/2022
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O Hotel Sesc Porto Cercado está localizado em pleno Pantanal Matogrossense, à margem do rio Cuiabá. Do outro lado do rio encontra-se a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do Brasil, a RPPN Sesc Pantanal, que preserva cerca de 1% do bioma. O acesso ao hotel é fácil, por estrada asfaltada. São cerca de 40 km do centro de Poconé ou 145 km da capital Cuiabá. Para se hospedar lá é preciso fazer reserva com bastante antecedência, mas vale muito a pena. O lugar é ótimo para observar aves (sem contar todos os serviços hoteleiros de alto padrão) e também tem um dos melhores custos-benefícios da região.

Estive lá no começo de Agosto e foi uma experiência muito rica. Além de toda a infraestrutura hoteleira (piscina, restaurantes, spa…) o hotel tem um lindo borboletário aberto para visitação. Dá para ver o borboletário na foto acima, é a redoma que parece um olho facetado de inseto. Também tive a oportunidade de conhecer a usina solar responsável por boa parte da energia utilizada no hotel e fiz alguns dos passeios de barco disponíveis.

Caminhando pela área verde do hotel, que é bem extensa, já dá para ver muito bicho! Seguem algumas fotos das aves mais fáceis de observar por lá:

(o texto continua depois, onde conto um pouco sobre os passeios)

Aracuã-do-pantanal (Ortalis canicollis), ave grande e barulhenta, figurinha carimbada no hotel.
Cavalaria (Paroaria capitata), tomando banho na prainha do rio Cuiabá.
Casaca-de-couro-do-pantanal (Pseudoseisura unirufa), geralmente vistos em casais.
Caturrita (Myiopsitta monachus), um periquito que vive em bandos grandes. As caturritas construíram ninhos comunitários enormes nas palmeiras que foram plantadas ao redor de um dos lagos do hotel.
Xéxeu (Cacicus cela), um grande imitador. Ele copia o canto de outras aves e até mesmo de mamíferos. Um pantaneiro me contou que já escutou xéxeu imitando toque de celular e até mesmo choro de bebê.
Sabiá-gonga (Saltator coerulescens), espécie que é “parente” do trinca-ferro (Saltator similis).
Coleiro-do-brejo (Sporophila collaris), avistado perto do maior lago.

Entre muitos avistamentos interessantes, acompanhei o cuidadoso trabalho de um casal de graveteiros na construção do ninho, bacuraus caçando insetos sobre a água do rio ao anoitecer, suiriris-cavaleiros em associação com capivaras, carcarás saqueando os ninhos comunitários das caturritas e uma jacurutu pousada na antena do hotel.

Para conhecer o entorno, o hotel Sesc Porto Cercado oferece diversos tipos de passeios, com preços bem razoáveis. O único porém é que esses passeios só podem ser agendados depois que você chega ao hotel. Alguns esgotam rapidamente. Não consegui fazer a visita à RPPN, por exemplo. Mas fiz três saídas de barco: uma para acessar a trilha do tatu, outra para ver o nascer do sol no rio Cuiabá e a terceira para ver o pôr do sol no corixo do Moquém.

Trilha do Tatu

A trilha é feita sobre um caminho elevado, pois a água sobe durante o período de cheia.

A trilha do tatu fica perto do hotel, mas o acesso à ela tem sido feito de barco e com acompanhamento de um guia. É um percurso curto mas muito bonito, no meio da mata. Deu para observar algumas espécies de aves e vários macacos-prego. No final do caminho (que foi reduzido devido a uma queimada recente que estragou boa parte da trilha) tive a oportunidade de ver um ninho de tuiuiú bem de perto.

Bico-de-brasa (Monasa nigrifrons), também conhecido como chora-chuva-preto.
Juriti-pupu (Leptotila verreauxi), uma pomba fácil de observar no Pantanal. Aqui na região Sudeste (onde moro) ela é muito mais arisca e difícil de fotografar.
Macaco-prego.
Ninho de tuiuiú (Jabiru mycteria), a ave símbolo do Pantanal.

Despertar no Cuiabá

Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) e anu-preto (Crotophaga ani).

Esse é um passeio de barco que permite vivenciar o rio Cuiabá em um dos melhores horários para observar aves: logo no primeiro raiar do sol. Pena que tive um pouco de azar: tinha chovido no dia anterior e ainda estava nublado. Mal deu para ver o nascer do sol. Foi um passeio meio fraco em avistamentos, mas consegui encontrar alguns habitantes do rio: socó-boi, garça-moura, biguatinga, cabeça-seca, andorinha-do-rio, martim-pescador-grande, gavião-caramujeiro, mexeriqueira, trinta-réis-grande, anu-preto, capivaras e jacarés.

Socó-dorminhoco (Nycticorax nycticorax), jovem.
Mexeriqueira (Vanellus cayanus), também conhecida como batuíra-de-esporão. Pertence ao mesmo gênero do quero-quero.
Trinta-réis-grande (Phaetusa simplex), mais conhecido pelos pantaneiros como gaivota.
Jacaré-do-pantanal (Caiman yacare) tomando um sol para se aquecer.

Corixo do Moquém

Corixo é um canal formado pelo rio na época da cheia. Neste passeio o barco percorre cerca de 16 km do rio Cuiabá e do corixo de Moquém, que fica ainda mais longo e navegável durante a estação chuvosa. Ao longo do percurso consegui ver uma infinidade de aves pantaneiras e presenciar um belíssimo pôr do sol. Definitivamente, foi o passeio mais interessante que fiz lá no Hotel Sesc Porto Cercado. Claro que as condições de tempo ajudaram muito, acredito que a experiência varia muito conforme o dia.

Casal de tuiuiú (Jabiru mycteria). Geralmente a fêmea é um pouco menor que o macho, aqui aparentemente a fêmea é a ave à esquerda.
Filhotes, provavelmente de trinta-réis-grande (Phaetusa simplex). Praias arenosas aparecem ao longo dos rios do Pantanal durante o período de estiagem. Muitas aves utilizam essas praias para a reprodução, algumas formando colônias. Elas são muito prejudicadas pela coleta de ovos, o pisoteamento dos ninhos pelo gado e a contaminação por mercúrio oriundo do garimpo. O Sesc publicou um estudo sobre a reprodução destas aves coloniais, disponível neste link.
Talha-mar (Rynchops niger), conhecido por lá como corta-água.
Gavião-preto (Urubitinga urubitinga), um rapinante comum em borda de mata e frequentemente encontrado próximo à água.
Arapapá (Cochlearius cochlearius), uma garça de aparência curiosa e com hábitos noturnos.

Estrada do Porto Cercado

Vista de uma das várias pontes ao longo da estrada do Porto Cercado. Tem muito bicho aí! Se não me engano, essa é justamente a ponte mais próxima do Sesc.

A estrada que liga o hotel Sesc Porto Cercado à Poconé também é um ótimo lugar para passarinhar. Não faz parte de nenhum dos passeios oficiais do hotel, mas dá para ir andando até a ponte mais próxima ou, se estiver de carro, fazer o percurso com calma e ir parando para observar aves. Foi lá que vi a curicaca-real e a garça-real, além do gavião-belo, gavião-caramujeiro, gavião-caboclo, colhereiro, carão, gralha-do-pantanal, ema…

Curicaca-real (Theristicus caerulescens).
Garça-real (Pilherodius pileatus).

Infelizmente tem muita gente que abusa da velocidade e acaba atropelando animais silvestres ao longo desta estrada. Vi muitas carcaças, rodeadas de urubus e carcarás. Um problema sério que precisa ser remediado o quanto antes.

Carcará (Caracara plancus) alimentando-se de um cachorro-do-mato que foi atropelado.

Sei que é triste e até mesmo chocante mostrar imagens como essa acima, mas acho importante expor essa realidade também. E olha que nem vou falar do fogo que devastou o Pantanal em 2020, o pior ano de queimadas da história do bioma. O que mais gosto do ecoturismo é que, quando bem feito, ele nos ajuda a perceber a complexidade e a fragilidade dos ambientes naturais, que estão cada vez mais reduzidos e impactados pelo homem. É preciso conhecer para querer preservar.

Próxima etapa da viagem: Transpantaneira! O Sesc oferece um passeio tipo safári por essa estrada icônica, mas preferi conhecer a região por conta própria, do meu jeito e no meu ritmo. Rendeu tanto que vou deixar pra contar como foi a experiência no próximo post.

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