Ah… a Suécia! Antes de falar das aves, preciso falar um pouco deste país. Realmente, a Suécia é tudo que a gente sempre ouve falar: bonita, organizada, bem cuidada. O transporte público também é ótimo, e fiquei contente de ver tanta gente andando de bicicleta. Afinal, tem ciclovias por todos os lados.
Fui visitar uma amiga que está morando em Uppsala, uma cidade de 140 mil habitantes, próxima à Estocolmo. Lá viveu o botânico Carl Lineu, famoso por ter criado a nomenclatura binomial. Tem até um museu sobre ele lá, onde era sua casa (foto da capa do post: os jardins de Lineu). Uppsala é uma cidade cheia de universitários, mas a atmosfera é muito mais tranquila do que eu poderia imaginar. As pessoas parecem levar uma vida simples e descomplicada, um pouco pacata para falar a verdade. Talvez esse seja o verdadeiro progresso.
Uppsala é muito arborizada, então haviam aves por todos os cantos. A diversidade de espécies não é como a daqui, mas elas são bastante abundantes. Chama a atenção a variedade de corvídeos, dos quais o mais bonitinho é o Magpie (Pica pica).
O jardim botânico de Uppsala é pequeno e simpático, um lugar bacana para observar aves durante a semana – no sábado e domingo tinha muita gente por lá. Os gramados estavam cheios de Pied Wagtails (Motacilla alba) e Woodpigeons (Columba palumbus). Nas árvores alguns Song Thrushes (Turdus philomelos) e Blue Tits (Cyanistes caeruleus) se escondiam. Também era fácil encontrar Pardais (Passer domesticus) e Pombas-domésticas (Columba livia), nossos velhos conhecidos aqui das cidades brasileiras, mas que são nativos do continente europeu.
Fizemos uma caminhada muito bacana ao longo do rio que corta a cidade, até um ponto em que ele se alarga e forma um lago. Lá existe até um posto de observações de aves! Chegamos tarde, o sol já estava lá no alto, mas deu para ver um grande bando de Gansos-do-Canadá (Branta canadensis), espécie nativa da América do Norte, mas muito comum por lá. Também haviam alguns Mallards (Anas platyrhynchos) e um solitário Moorhen (Gallinula chloropus). No caminho de volta ainda encontramos alguns Cisnes (Cygnus olor) e um Cormorant (Phalacrocorax carbo). E, finalmente, num ninho escondido no meio dos arbustos, avistei meu primeiro Blackbird (Turdus merula)!!! Foi o único que vi na Suécia, depois tive oportunidade de observar vários em Londres.
Também estive em Estocolmo, mas foi um passeio de apenas um dia. Conheci a parte mais antiga da cidade e fui até uma ilha chamada Södra Grinda, uma espécie de refúgio da natureza, com trilhas bem fáceis que cortam a floresta de pinheiros. Aliás, essa é uma mistura curiosa, pinheiros crescendo no litoral, a beira mar. Algo inimaginável no Brasil. Algumas gaivotas (Herring Gull, Larus argentatus) tomavam sol nas plataformas construídas para os barcos. Na floresta, várias pequenas aves faziam a festa, super ativas. Great Tits (Parus major) passarinhavam no alto das árvores. O Nuthach (Sitta europaea), que é uma graça, sempre fica nesta pose da foto. Já o macho de Chaffinch (Fringilla coelebs) encontrei no tablado do restaurante, tranquilamente procurando comida no meio das pessoas.
Agora fica a vontade de voltar… quem sabe um dia explorar com calma o norte da Suécia!