A Floresta Nacional de Passa Quatro, com 335 hectares, está situada no sul de Minas Gerais, no município de Passa Quatro. Essa área já pertenceu ao antigo Instituto Nacional do Pinho e atualmente é administrada pelo ICMBio. Uma Floresta Nacional (FLONA) é uma unidade de conservação que permite o manejo e a exploração sustentável de sua vegetação, ao contrário de outros tipos de unidades de conservação, onde as matas geralmente devem ser mantidas praticamente intocadas.
A FLONA de Passa Quatro fica perto da área urbana e sua visitação é gratuita e estimulada pela administração. Logo na entrada há um parquinho para crianças e um restaurante, que abre aos finais de semana. Cheguei por volta das 8h e acredito que fui a primeira visitante do dia. Aproveitei que o parquinho estava vazio e comecei a observar aves ali mesmo. Não demorou para que eu avistasse uma maria-faceira forrageando no pequeno lago.
No parquinho, também tive a sorte de observar um tucano-de-bico-verde em todo o seu esplendor, a poucos metros de mim. Ele estava concentrado, tentando se defender dos ataques furiosos de um casal de bem-te-vis que tentava proteger as crias. Acompanhei a cena por algum tempo, mas não sei como foi o desfecho. Será que o tucano conseguiu chegar perto do ninho dos bem-te-vis?
Nas margens do riacho que corre ao lado do parquinho, avistei várias aves em busca de alimento nas copas das árvores: periquitões, bentevizinhos-de-penacho-vermelho, pitiguaris. Um limpa-folha-de-testa-baia fazia acrobacias em meio aos galhos, caçando insetos.
Sanhaços-cinzentos e sanhaços-de-encontro-amarelo aproveitavam a abundância de frutinhos amarelos e se esbaldavam. Porém, esses frutos são de uma planta invasora: uma variedade de cheflera, que não é nativa do Brasil e se espalha rapidamente pelos nossos ecossistemas. Fiquei imaginando quantas sementes esses passarinhos espalharam naquele dia. Centenas, certamente!
Saindo do parquinho, segui em direção ao viveiro de mudas. Perto da entrada do viveiro encontrei uma palmeira cheia de ninhos de japu pendurados. Não demorou para que eu começasse a escutar a cantoria dessas aves. Adoro o som peculiar que eles fazem, parece meio artificial.
Seguindo pela trilha, comecei a subir em direção à cachoeira. Pelo caminho, me deparei com a esquiva papa-taoca-do-sul, uma espécie que sempre escapa das lentes da minha câmera. É uma ave que gosta de ficar embrenhada. Também estavam por ali um par de pica-paus-verdes-carijós, um bando de saíras-douradinhas e alguns tangarás.
Como tinha chovido muito no dia anterior, a trilha estava escorregadia, mas não era longa. Ao final, cheguei à cachoeira de Iporã, um lugar perfeito para parar e descansar.
A estrada que leva à FLONA também é ótima para passarinhar. Fui e voltei a pé, sozinha, num trajeto de menos de 5 km entre o centro histórico de Passa Quatro e a portaria da FLONA. Pelo caminho encontrei passarinhos típicos da zona rural, como o anu-preto, o canário-da-terra, a garça-vaqueira, o carcará, o casaca-de-couro-da-lama, a maria-preta-de-penacho e o pintassilgo. O dia estava nublado e foi uma caminhada extremamente agradável. Adoro Minas Gerais!