Chiang Dao é uma pequena cidade no norte da Tailândia, bem pertinho de Chiang Mai. Lá há uma grande caverna que foi parcialmente transformada em templo budista, um lugar que atrai devotos e muitos turistas. Um grande corredor da caverna foi meio que “pavimentado”, com degraus, corrimãos e até mesmo iluminação artificial, tornando o passeio muito acessível. Existe também a opção de contratar um guia para uma visita rápida aos outros setores da caverna, que permanecem razoavelmente inalterados.
A caverna fica em uma região conhecida pelo eco-turismo. Há muitas trilhas, com diferentes graus de dificuldade, e uma infinidade de opções de chalés para se hospedar. A gente ficou no Malee’s Bungalows, onde fomos muito bem recebidos. Chegamos numa sexta-feira à tarde. Neste dia visitamos a caverna e depois passarinhamos nos arredores.
Em Chiang Dao encontrei todas as espécies de Bulbuls que já havia visto em outros lugares da Tailândia, e mais algumas. Os mais comuns são o Sooty-headed Bulbul e o Red-whiskered Bulbul. Eles são parecidos, sendo que o primeiro é um pouco maior mas não tem um topete tão grande quando o do segundo.
No sábado levantamos cedo e caminhamos até o templo Wat Tham Pha Plong, que fica no meio da floresta. Já visitamos dezenas de templos na Tailândia, mas este foi o que eu mais gostei. Não pelo templo em si, mas pela experiência. São mais de 500 degraus até o templo, num caminho que atravessa a floresta. Não é difícil e tem algumas paradas para descanso. Ao longo do caminho há várias mensagens com ensinamentos budistas, a maioria traduzida para o inglês. E há aves, muitas aves! A primeira que paramos para ver foi este Little Spiderhunter, ou “pequeno caçador de aranhas”. Havia um grupinho e este aí se empolgou à cantar.
No caminho até o templo também vimos o charmoso Asian Paradise-Flycatcher, o discreto Violet Cuckoo, alguns White-rumped Munias e como sempre, muitos Bulbuls. Um grito lá no alto denunciou a Crested Serpent Eagle que sobrevoava a floresta.
Almoçamos num restaurante pertinho dos chalés. O jardim do estabelecimento era grande e logo na entrada havia uma árvore com pequenos frutinhos vermelhos. Não sei o que eram, mas os passarinhos pareciam gostar muito. Apareceram Flowerpeckers, Sunbirds, Bulbuls (sempre bulbuls!) e um belíssimo casal de Blue-winged Leafbirds.
A ideia era fazer algumas trilhas no domingo, mas descobrimos que elas estavam muito abandonadas: mal sinalizadas e com muito mato crescendo, fechando os caminhos. Além disso, ninguém sabia dar informações. Acredito que durante a alta estação é feita alguma manutenção nas trilhas, mas agora na baixa estação a situação estava complicada. Resolvemos não arriscar. Já havíamos topado com uma cobra na estrada e sempre tenho muito medo de entrar em uma propriedade privada sem querer e acabar mordida por um cachorro.
Tudo bem. Continuamos passarinhando pelos arredores, onde muitas aves nos esperavam. Revi os grandes corvos que tanto me impressionaram em Bangkok, fiz um verdadeiro book dos jovens Tailorbirds que caçavam insetos na vegetação ao lado da estrada (esse passarinho fofo que ilustra a capa do post), descobri esse bicho bonito que é o Stripe-throated Bulbul.
Domingo acordamos tarde e aproveitamos para relaxar um pouco. Durante o café-da-manhã tivemos a agradável companhia de um jovem Sunbird que estava nas flores a poucos metros da mesa. Lembramos na hora da experiência parecida que tivemos durante o café-da-manhã na trilha dos tucanos, no Brasil. Você até esquece de comer para ficar admirando os bichinhos…
Adoramos Chiang Dao. É um passeio prático (para quem está em Chiang Mai), extremamente barato e perfeito para observar aves. O jardim da Malee, por si só, já vale a visita. Cheio de flores, atrai uma infinidade de aves.
Agradecimentos: Victor Skrabe pelos vídeos Mr Uthai e Somchai Nimnuan pela ajuda na identificação de algumas espécies