A Trilha dos Tucanos é uma propriedade particular localizada na serra de Paranapiacaba, em Tapiraí (SP). De fácil acesso, é uma excelente opção para passar o dia ou mesmo prolongar a estadia, pernoitando em um dos chalés. Mas é bom reservar antes, o lugar é muito procurado, principalmente por observadores de aves!
Não é para menos: cerca de 80% do território de Tapiraí é coberto por Mata Atlântica. De carro, na estrada, percebemos a mudança radical na paisagem quando entramos no município. Muito verde, muita sombra. Quando passamos por Sorocaba fazia mais de 30 graus, e em Tapiraí encontramos um clima agradável e uma noite muito fresca. Um alívio depois de uma das semanas mais quentes do ano no estado de São Paulo.
Chegamos no fim da tarde e logo o tempo fechou e começou a trovejar. Conhecemos rapidamente uma das trilhas, mas como estava escuro dentro da mata, preferimos encerrar o dia observando as aves que fervilhavam nos comedouros ao redor da pousada.
Nos comedouros vimos saíra-sete-cores, sanhaçu-de-encontro-amarelo, tiê-preto, sanhaçu-de-encontro-azul, periquito-rico, tiriba-de-testa-vermelha, pimentão, trinca-ferro, catirumbava, tico-tico-do-mato, tico-tico, sabiá-laranjeira, sanhaçu-do-coqueiro, e provavelmente outros que estou esquecendo.
No dia seguinte acordamos cedo e fizemos uma boa caminhada pelas trilhas. Como é de se esperar em um ambiente fechado como a Mata Atlântica, a maioria dos contatos foi auditivo. O primeiro que reconheci foi o inhambuguaçu. Depois o saci e o corocochó.
Ao longo da trilha a espécie mais fácil de observar (embora não de fotografar) é o pula-pula-ribeirinho. Haviam muitos casais, bastante ativos e sempre próximos dos riachos. Outra espécie muito comum por lá é o arapaçu-verde, que vocaliza bastante e está sempre agitado, procurando insetos no tronco das árvores. Mais fácil de ver é arapaçu-grande, principalmente na borda da mata, próximo às clareiras.
Ao longo da trilha vimos também um bando de saíras-viúvas, um casal de caneleiros-de-chapéu-preto, peiticas, chupa-dente, pichororé, saracura-do-mato, tiê-de-topete, gavião-tesoura… Então começou a chover e decidimos parar um pouco. Na volta, bem onde nos foi indicado, encontramos a simpática maria-leque-do-sudeste e seu ninho. Esta espécie é endêmica e, infelizmente, está ameaçada.
Com o tempinho chuvoso optamos por fechar nosso passeio observando os comedouros, novamente. Desta vez aproveitei que havia mais luz que no dia anterior e fotografei alguns dos vários beija-flores que disputavam os bebedouros. O beija-flor-rubi dominava o pedaço e tentava impedir os outros de chegar perto. Mas são tantos bebedouros que ele não conseguia. Vimos o balança-rabo-de-garganta-rajada, o beija-flor-de-fronte-violeta, o beija-flor-preto, o beija-flor-de-veste-preta e o beija-flor-de-papo-branco.
Apesar do nome – trilha dos tucanos – não esbarramos com nenhum, então escolhi a catirumbava para ilustrar esse post. A catirumbava é uma ave endêmica do Brasil, o que significa que ela só pode ser encontrada aqui, mais precisamente nas montanhas cobertas pela Mata Atlântica, do Rio de Janeiro à Santa Catarina.
Esse foi um dos melhores passeios para observar aves que já fiz. A variedade de espécies é enorme, as trilhas são limpas e bem conservadas. Um verdadeiro paraíso, relativamente próximo de São Paulo capital. Fomos super bem recebidos pelos proprietários, um casal gente boa que adora bater papo e, é claro, falar de passarinhos!
1 Comentário
Em 2015 voltei lá: http://apassarinhologa.com.br/fotografando-aves-na-trilha-dos-tucanos-tapirai-sp/