O Camboja é vizinho da Tailândia, então aproveitamos a proximidade para fazer uma visitinha. O país é famoso pelas belas ruínas de templos antigos, mais de 1.000 segundo muitos cambojanos nos disseram. Não duvido. Levamos três dias apenas para conhecer o Parque Arqueológico de Angkor, onde estão os maiores e mais visitados templos.
O parque é enorme e fica a poucos quilômetros da cidade mais próxima, Siem Reap. Estávamos preocupados em como faríamos para nos locomover, mas essa foi a parte mais fácil. Era só sair do hotel que dezenas de motoristas de tuk tuk ofereciam, insistentemente, seus serviços. É barato e uma aventura à parte. Os tuk tuks são lentos, mas o trânsito na cidade é caótico e eles fazem manobras imprevisíveis a todo instante.
Dentro do parque várias estradas cortam a floresta e dão acesso às ruínas. As árvores são altas e a floresta é densa. Apesar de fazer parte de roteiros de birdwatching, não é fácil avistar aves em Angkor. Ouvimos cantos misteriosos enquanto visitávamos as ruínas, mas raramente era possível identificar de onde vinham. Exceção foi este Sunbird da foto acima, que chegou pertinho e praticamente pediu para ser fotografado!
Os templos são maravilhosos, verdadeiros cenários de filmes. O que eu mais gostei foi o templo Ta Prohm, que ficou famoso por ter sido set de gravação do filme Tomb Raider. Várias Trang trees (Ficus altissima, um tipo de figueira) cresceram sobre as construções, abraçando as rochas com suas raízes e derrubando o que estivesse em seu caminho. Ver essas árvores imensas faz você imaginar há quanto tempo tudo aquilo está abandonado… e o resultado não poderia ser mais impressionante.
Entre um templo e outro há uma infinidade de tendas e lojinhas vendendo de tudo. Esse pássaro não estava à venda, mas pertencia à uma senhora que vendia água. O Hill Myna é uma espécie que as pessoas gostam de ter em gaiolas, pois imita muitos sons e aprende a falar algumas palavras, como os papagaios. Infelizmente encontrei mais aves em cativeiro no sudeste asiático do que poderia imaginar. O que mais me incomodou foi o hábito de soltar aves (previamente capturadas) em templos budistas. Vou falar mais sobre isso em um próximo post, mas quem quiser pode ler sobre o assunto nesta matéria da Scientific American (em inglês).
Outro templo fantástico é o Bayon. Ele é todo decorado com rostos sorridentes e é bastante diferente dos outros templos de Angkor. Não vou esquecer uma cena que presenciei lá: três Drongos sobrevoando as torres do templo, em um belo fim de tarde. Perto dali, um simpático White-rumped Shama cantava bonito. O pequeno grupo de músicos ao lado (*) até parou de tocar para ouvir. Repare na cauda longa desta ave, a ponta aparece na foto.
* No Camboja você encontra muitos grupos musicais formados por pessoas que sofreram acidentes com minas terrestres.
Uma visita ao Camboja não está completa se você não conhecer o grande e majestoso Angkor Wat. É o templo mais cotado pelos turistas, uma verdadeira multidão visita o lugar todos os dias. Confesso que o templo em si não chamou muito minha atenção. É bonito, sim, mas muito imponente e a construção tem uma cara mais moderna. Gostei mais dos templos mais antigos, mais desgastados pelo tempo.
Angkor Wat é mais interessante visto de cima, como depois vi em um documentário explicando os desafios de sua construção. Ele está sobre um tipo de ilha artificial quadrada, margeada por um lago. O acesso à ilha é feito por meio de uma ponte. Ao redor do templo, dentro da ilha, há uma grande área verde por onde caminhamos.
Perto do templo encontramos aves mais urbanas, acostumadas com a quantidade absurda de turistas. Muitos Coomon Mynas andando nos gramados, muitas andorinhas-de-bando (uma espécie que também temos no Brasil) voando no céu. No lago, um solitário Great Cormorant (Phalacrocorax carbo) descansava, bem longe das pessoas. Quem não dava à mínima para ninguém eram os macacos. Existe uma grande população deles no parque, em parte porque muitos turistas alimentam estes animais.
Maio não é a melhor época para passarinhar no Camboja. Muitas aves já migraram, quem sabe fugindo do calor (estava muito, mas muito quente!). Mesmo assim conseguimos aproveitar para conhecer várias espécies em um passeio guiado que fizemos pela região norte, em busca de aves de rapina e pica-paus. Foi uma experiência inesquecível. Conto mais no próximo post!
1 Comentário
Gostaria dede saber mais sobre os 🐒 macacos que vivem lá quantas são as espécies e como se proliferam tanto