Fazia muito tempo que eu queria conhecer o OAMa, observatório de aves que foi criado em 2018 e que tem sede no pequeno município de Bocaina de Minas, MG. Eles realizam o monitoramento da avifauna da região e oferecem cursos e treinamentos para ornitólogos. Existem muitos observatórios deste tipo em todo o mundo, mas aqui no Brasil eles ainda são bastante raros.
A equipe do OAMa também faz um trabalho muito importante de divulgação científica e promove algumas atividades abertas, durante as quais os moradores da região e visitantes podem conhecer um pouco mais do trabalho realizado no observatório. Recentemente eles também começaram a oferecer hospedagem em sua Estação de Pesquisa, pelo AirBnB. É uma opção muito interessante para observadores de aves, pois o OAMa encontra-se inserido em uma área de preservação com trilhas de fácil acesso, onde já foram registradas mais de 250 espécies de aves.
Semana passada o OAMA ofereceu um curso um pouquinho diferente do usual. Eles convidaram a professora Larissa Trierveiler (@fancnacabeca) para quatro dias de aulas sobre identificação de cogumelos silvestres. Para mim foi a oportunidade perfeita: pude finalmente conhecer o OAMa e aproveitei para fazer o curso, pois já estava interessada neste assunto há algum tempo.
Foi uma experiência muito rica poder aprender sobre este grupo de seres vivos que geralmente é tão negligenciado e estar na companhia de pessoas tão interessadas no assunto. Todos os dias pela manhã saíamos para explorar as trilhas em uma verdadeira caçada aos cogumelos. Cada centímetro quadrado de serrapilheira era examinado com cuidado. Encontramos uma variedade bem maior de cogumelos do que eu imaginava ser possível, sendo que muitos deles eram comestíveis. Parece que destrancaram uma porta para um novo universo: nunca mais vou conseguir andar numa mata (ou num pasto) sem procurar por cogumelos!
As tardes eram preenchidas com aulas um pouco mais teóricas e um estudo mais aprofundado dos exemplares que havíamos coletado pela manhã. A grande mesa da sala acabava coberta de cogumelos de tudo quanto é forma, cor e tamanho. Descobri que a lupa de mão é um instrumento tão importante para os micólogos (estudiosos dos fungos) quanto o binóculo é para os ornitólogos.
Claro que também aproveitei para passarinhar. Lá dá para encontrar aves da Mata Atlântica que preferem um pouco mais de frio ou que vivem em associação com as araucárias. Vi maria-preta-de-bico-azulado, beija-flor-de-papo-branco, tucano-de-bico-verde, grimpeiro, papa-taoca-do-sul, bico-virado-carijó, tiê-de-topete e muitos outros. O canto do pula-pula-assobiador era uma constante.
Os tico-ticos ao redor da Estação de Pesquisa são uma atração à parte. Muitos foram anilhados, o que permite identificar cada indivíduo e estudar um pouco de seu comportamento. Consegui ver pelo menos quatro combinações de anilhas coloridas diferentes. Também encontrei um sanhaço-de-encontro-amarelo anilhado, assim como uma maria-preta-de-bico-azulado também anilhada. Tinha tido experiências semelhantes a esta no Legado das Águas e em Águas de São Pedro, em SP, alguns dos lugares onde é possível encontrar aves anilhadas pelo projeto “Eu vi uma ave usando pulseiras!?“.
Depois de avistar muitas aves e fazer muitos “lifers” de cogumelos, infelizmente chegou a hora de voltar para casa. Obrigada @fancnacabeca e @oamantiqueira por proporcionarem tanto aprendizado, num clima tão leve e descontraído!