A Passarinhóloga
  • Blog
  • Links
    • Aplicativos para observadores de aves
    • As aves nas datas comemorativas
    • Clubes de observadores de aves e outras iniciativas
    • Feiras e festivais de observação de aves
    • Filmes e documentários sobre aves
    • Grupos de pesquisa – ornitologia
    • Museus e coleções ornitológicas
    • Ongs e projetos conservacionistas
    • Podcasts
  • Quem sou
    • Autora
    • Passarinhando por aí
    • Contato
A famosa cegonha com uma flecha no pescoço
Museus

A cegonha que foi encontrada com uma flecha no pescoço e ajudou a esclarecer o fenômeno da migração das aves

por Passarinhóloga 04/12/2025
04/12/2025
6

Em 1822 uma cegonha-branca foi abatida por um caçador em Klütz, no norte do que hoje é a Alemanha. O curioso é que essa ave tinha uma flecha de 80 cm atravessada no pescoço. Observando as características do artefato, descobriram que a flecha era oriunda da África Central, algo em torno de 5 mil quilômetros de distância de Krütz. Essa cegonha foi apelidada de Pfeilstorch e hoje faz parte da coleção zoológica da Universidade de Rostock.

A entrada, bem discreta, da coleção zoológica da Universidade de Rostock, na Alemanha. O local é aberto ao público e funciona como um museu.

Mas por que essa cegonha azarada é tão importante? Naquela época, sabia-se muito pouco sobre a migração das aves. As pessoas notavam que algumas espécies desapareciam durante parte do ano, mas ninguém sabia muito bem o que acontecia com elas. As teorias eram as mais loucas: havia quem acreditasse que as aves passavam o inverno hibernando no fundo dos lagos congelados, que uma espécie se transmutava em outra espécie, que elas iam para a Lua… Quando a hoje famosa Pfeilstorch apareceu na Alemanha, ela provou que algumas aves podiam percorrer, literalmente, milhares de quilômetros! Sua descoberta alavancou os estudos sobre migrações.

A emblemática Pfeilstorch, uma cegonha-branca (Ciconia ciconia) encontrada com uma flecha alojada no pescoço em 1822. Hoje há relatos de outras 25 cegonhas que foram encontradas com flechas semelhantes, mas esta foi a primeira de que se tem registro. As cegonhas-brancas são aquelas aves famosas por trazerem os bebês, segundo uma antiga lenda europeia.

Meses antes de viajar, entrei em contato com a coordenação da coleção zoológica para confirmar se a Pfeilstorch ainda estava lá. Eles me responderam que eu não teria como deixar de vê-la: ela encontra-se em exibição logo após a entrada do museu, em destaque. Ela está representada até mesmo no logotipo da instituição.

A coleção foi fundada em 1775 e é muito interessante. Tem ênfase em animais aquáticos, peixes, moluscos, aves e insetos. Segundo o site da Universidade de Rostock, cerca de 5 mil holótipos (espécimes de referência que foram utilizados para descrever espécies novas para a ciência) estão armazenados ali!

A primeira parte da exposição tem um arranjo mais moderno.
A maior parte da coleção está disposta nesses armários antigos, em corredores apertados. Você se sente num labirinto povoado por relíquias centenárias, algumas delas insubstituíveis.
Há muitos esqueletos de aves, de todo o mundo, assim como aves taxidermizadas. Quase tudo é antigo, mas está muito bem preservado.

Rostock não está na mira do turismo internacional, mas recebe turistas (acredito que em sua maioria alemães) que são atraídos por uma praia banhada pelo Mar Báltico. Na região também há áreas preservadas com trilhas (como Rostocker Heide e Gespensterwald, conhecida como a “Floresta Fantasma”), que infelizmente não tive tempo de conhecer. Gostaria de poder voltar um dia, é uma cidade simpática e foi bom estar em um lugar não tão turístico da Europa; senti que isso mudou completamente a maneira como interagi com as pessoas dali.


Referências

BARBOSA, K. & LIMA, N. (2025) Aves migratórias no Brasil. Editora Laranja Original.

Kinzelbach, R. (2003) Der Pfeilstorch in der Zoologischen Sammlung. Der Sprössling, 3, 9-10. Disponível em: https://web.archive.org/web/20150213064131/http://www.biofachschaft.uni-rostock.de/fileadmin/MathNat_Bio_Fachschaft/Sproessling_Nr._3_SS03.pdf . Acesso em dez. 2025.

SCHÜZ, E. (1969) Storks and other birds carring arrowheads. Short Notes, Ostrich: Journal of African Ornithology, 40:1, 16-28, DOI: 10.1080/00306525.1969.9634321

AlemanhaAves migratóriasHistória da OrnitologiaMigraçãomuseus

Você também pode se interessar por

Passarinhando no Museu de Ciências Naturais Bernardino Rivadavia...

Passarinhando no Museu de La Plata, Argentina

Exposição “O Legado Suíço-Brasileiro na Amazônia: Arte, Ciência...

Livro: The Feather Thief

O Museu de História Natural de Xangai

Passarinhos na exposição “A Casa Bordada”

Passarinhando na Coleção Brasiliana / Itaú Cultural

O Museu de História Natural de Nova Iorque

Parque Edmundo Zanoni & Museu Antonio Pergola (Atibaia...

O Museu de História Natural de Londres

Deixe um comentário!

  • Aves brasileiras
  • Ciência Cidadã
  • Cursos e palestras
  • Educação Ambiental
  • Entrevistas
  • Filmes e documentários
  • Infantil
  • Museus
  • Observação de aves
  • Ornitologia
  • Passarinhando por aí
  • Resenhas
  • Tecnologia

Natália Allenspach
Copyright © 2011-2025 A Passarinhóloga
Bragança Paulista, SP - Brasil

A Passarinhóloga
  • Blog
  • Links
    • Aplicativos para observadores de aves
    • As aves nas datas comemorativas
    • Clubes de observadores de aves e outras iniciativas
    • Feiras e festivais de observação de aves
    • Filmes e documentários sobre aves
    • Grupos de pesquisa – ornitologia
    • Museus e coleções ornitológicas
    • Ongs e projetos conservacionistas
    • Podcasts
  • Quem sou
    • Autora
    • Passarinhando por aí
    • Contato