Nazaré Paulista é uma pequena cidade no interior do estado de São Paulo. Muita gente vai até lá para curtir a represa, que aos fins de semana fica abarrotada de Jet Skis e seus motores barulhentos. Mas durante a semana a região é um mar de tranquilidade e uma opção bastante interessante para observar aves. Não sei dizer se restam áreas com vegetação nativa, mas o mosaico de matas secundárias e chácaras consegue manter uma variedade razoável de espécies na região. Recentemente comecei a montar uma lista lá no Táxeus.
A embaúba (Cecropia sp.) é uma árvore muito comum por lá. Ela é uma planta que se dá bem em áreas desmatadas que estão em processo de recuperação, dentro dos domínios da Mata Atlântica. Seus frutos atraem muitos pássaros, como o sanhaçu (Tangara sayaca), o sanhaçu-do-coqueiro (Tangara palmarum), o saí-andorinha (Tersina viridis), a saíra-amarela (Tangara cayana) e até mesmo espécies maiores como as gralhas-do-campo (Cyanocorax cristatellus).
Outra espécie fácil de encontrar em Nazaré Paulista é a saracura-do-mato (Aramides saracura). Elas estão sempre próximas à água, mas é mais fácil escutá-las do que vê-las. Quem também faz bastante barulho, e tem sido mais fácil de avistar, é o jacuaçu (Penelope obscura). Não é raro ver dois ou três deles andando pelas estradinhas de terra que dão acesso às inúmeras chácaras da região.
Bandos de pica-pau-do-campo (Colaptes campestris) estão sempre fazendo arruaça. Ano passado tive a oportunidade de acompanhar um casal no trabalho de escavar o ninho em uma árvore seca, ao lado de uma horta. Eles estavam bem ariscos e levei um tempão pra conseguir me aproximar sem espantá-los. Eu deveria ter registrado também a quantidade enorme de serragem que se acumulou ao pé da árvore, eles realmente trabalharam bastante! Outros pica-paus que aparecem por lá são o pica-pau-de-banda-branca (Dryocopus lineatus) e o pica-pau-anão-barrado (Picumnus cirratus), estes de hábitos mais solitários.
Beija-flores há aos montes. É só colocar um bebedouro com água e açúcar e eles aparecem. Beija-flor-tesoura (Eupetomena macroura), beija-flor-de-fronte-violeta (Thalurania glaucopis), beija-flor-de-peito-azul (Amazilia lactea), beija-flor-de-banda-branca (Amazilia versicolor), besourinho-de-bico-vermelho (Chlorostilbon lucidus), e um dos meus preferidos, o rabo-branco-acanelado (Phaethornis pretrei). Já falei deles em um post específico, mas estava faltando a foto do rabo-branco-acanelado. Ainda não ficou muito boa, vamos ver se uma hora consigo acertar melhor o foco!
O barbudo-rajado (Malacoptila striata) é uma espécie simpática que tenho visto bastante na região. Ele não tem muito medo das pessoas e dá pra se aproximar razoavelmente para fazer o registro fotográfico. Cada vez ele aparece com uma presa diferente no bico: uma lagartona suculenta, um grilo, um besouro…
Outra espécie que está se tornando cada vez mais comum é o tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus). Na foto abaixo ele estava verificando o interior de um ninho abandonado de pica-pau-do-campo. O tucano-toco (Ramphastos toco) também é presença frequente.
Um passeio de barco revela várias espécies vivendo nas margens da represa: socozinho (Butorides striata), socó-dorminhoco (Nycticorax nycticorax), garça-branca-grande (Ardea alba), ananaí (Amazonetta brasiliensis), biguá (Phalacrocorax brasilianus), martim-pescador-grande (Megaceryle torquata).
E é claro que a região abriga também muitas espécies de mamíferos. Foi lá que vi pela primeira vez o macaco sauá. Há muitos anos era fácil encontrar tocas de tatu, mas infelizmente eles se tornaram presas fáceis de cachorros. Estes, por sua vez, são vítimas frequentes dos porcos-espinhos. Já os caxinguelês não se importam nem um pouco com os cachorros. Pelo contrário, as vezes parece que eles estão tirando sarro deles, lá do alto das árvores.