Há exatamente 20 anos, visitei o Museu de La Plata pela primeira vez. Eu havia sido contemplada com uma bolsa de intercâmbio estudantil e estava cursando algumas disciplinas na Universidad Nacional del Litoral, em Santa Fé. Aproveitei um feriado prolongado para conhecer Buenos Aires e, de lá, fiz um bate-e-volta até La Plata para ver este museu. Naquela época, era o maior museu de história natural em que eu já tinha pisado e a exposição me marcou bastante.
Este ano repeti o passeio: peguei um trem na Estação Constitución, em Buenos Aires, e uma hora e meia depois eu estava em La Plata, que é a capital da província de Buenos Aires. Saindo da estação de trem, caminhei uns 20 minutos até o museu. A exposição permanece muito parecida com aquela que guardei em minhas lembranças. Os gliptodontes, parentes próximos dos tatus, continuam lá no setor de Paleontologia. Esses mamíferos, já extintos, viveram nas Américas e eram bem grandinhos. Ainda fico boquiaberta quando vejo um exemplar de gliptodonte: parecem pequenos fuscas! Alguns, de fato, eram do tamanho de um carro, mas acho que não tem nenhum tão grande assim em exposição no museu de La Plata.

O enorme Diplodocus, um dinossauro que viveu no período Jurássico, também permanece em exposição. Com 27 metros de comprimento, a melhor maneira de observá-lo é a partir do segundo andar. Essa réplica está no museu desde 1912! Veio dos EUA de navio, acondicionada em 34 caixas. Levou um mês para ser montada. Centenária, já passou por muita manutenção, mudanças de cor e sobreviveu a uma chuva de granizo que quebrou as clarabóias do museu em 2008.

Mas este é um blog sobre aves, então vamos a elas! Vinte anos atrás eu ainda não era passarinheira e não dei muita atenção à coleção ornitológica do museu. Esse foi um dos motivos que me levou a retornar a La Plata. O setor de Zoologia do museu é bem grande, com diversos esqueletos e animais taxidermizados em exposição. Quase tudo guardado atrás de vidros, em estantes antigas e com iluminação baixa (acredito que para proteger os exemplares da degradação causada pela luz). Esse setor tem um ar bem retrô.


A coleção de aves é extensa, com muitas espécies encontradas na Argentina (como os enormes condores-dos-andes) e também aves de todo o planeta, agrupadas por região: Antártica, Australiana, Neotropical, Holártica, etc. Destaque para as aves marinhas, que aparecem em grande quantidade, e para os exemplares dos famosos kiwis e kakapos, aves que não voam e são nativas da Nova Zelândia.

No setor de Paleontologia há uma réplica de Gastornis gigantea, uma espécie de ave gigante que viveu há cerca de 56 milhões de anos. Apesar desse jeitão meio assustador, acredita-se que essas aves eram herbívoras (diferente das chamadas “aves-do-terror”, que pertencem a outro grupo de aves extintas e eram exímias caçadoras).

O Museu de La Plata não é só sobre História Natural. Há também uma exposição de Arqueologia, com destaque para cerâmicas de povos originários da América Latina. Foi lá que encontrei mais alguns passarinhos: nas belas cerâmicas de Nazca! Fiquei encantada com os traços firmes e geométricos que decoram esses vasos pré-colombianos, tão coloridos.

Foi uma alegria poder revisitar esse museu. Desta vez, com outros olhos. Inaugurado em 1888, acredito que o Museu de La Plata esteja entre os maiores e mais antigos museus de História Natural da América Latina.
Depois do passeio, aproveitei para conhecer La Biblioteca del Naturalista, uma livraria especializada em natureza argentina que fica em La Plata. É uma loja pequenininha, onde fui super bem recebida e passei um bom tempo folheando livros maravilhosos e morrendo de vontade de levar tudo para casa. Se estiver com tempo, vale a pena dar um pulo lá! Só sugiro entrar em contato antes para confirmar o horário de atendimento pois, como disse, é uma livraria bem pequena.