Imagine sete pavilhões (ou seriam oito?) lotados de amantes das aves. Foi o que encontrei dia 17 de Agosto na reserva natural de Rutland, Inglaterra. Não é a toa que esta é a maior feira de observadores de aves do mundo! Levei mais de quatro horas só para passar por todos os estandes, se é que realmente alcancei esta façanha. Havia de tudo: agências turísticas especializadas em birding de todos os cantos do mundo, livros, binóculos, câmeras fotográficas, obras de arte, comedouros para jardins, ração para aves, ninhos artificiais com câmeras embutidas, organizações não governamentais, representantes de centros de pesquisa em ornitologia e conservação… Além de três auditórios onde rolava uma palestra atrás da outra, com fotógrafos, autores de livros, aventureiros, biólogos.
A primeira coisa que chamou minha atenção foi o perfil do público da feira. Pelas fotos dá para perceber que a grande maioria das pessoas tem mais de 50 anos. Por aqui, os resultados do I Censo de Observadores de Aves, realizado pela Avistur, indicam que apenas 14,6% dos birdwatchers brasileiros têm mais de 55 anos.
Nunca vi tanta variedade de comedouros para pássaros. De todos os tamanhos e formatos, para diferentes tipos de alimentos e rações. A opção mais exótica eram larvas de insetos desidratadas, riquíssimas em proteína. Nada barato, diga-se de passagem. Os ingleses realmente devem curtir manter pássaros em seus jardins!
Os estandes mais disputados eram os de equipamento fotográfico e binóculos. Imagina só testar tudo com essa paisagem de fundo? A reserva de Rutland é linda, pena que aquele dia estava chovendo muito e acabei desistindo de passarinhar pelas redondezas. Mesmo porque havia tanta coisa para ver na feira! Passei um tempão no estande de Portugal, que preparou um material de primeira linha sobre as aves de lá e uma seleção de roteiros. Fiquei com muita vontade de conhecer a região e aproveitar para participar do Festival de Observação de Aves de Sagres. Quem sabe um dia?
Apesar do nome da feira, não havia apenas observadores de aves. O estande da British Dragonfly Society chamava muito a atenção, com lindas ilustrações e camisetas estampadas com libélulas. Também estavam lá sociedades protetoras de morcegos, borboletas e… sapos! Bati um longo papo com o pessoal da Botanic Gardens Conservation International, que criou uma ferramenta muito bacana chamada Garden Search. Neste site é possível procurar jardins botânicos em todo o mundo. Eles já têm 40 jardins botânicos brasileiros cadastrados. Outra ferramenta interessante é a Plant Search, que permite descobrir quais instituições mantém uma determinada espécie de planta em suas coleções. Muito útil para pesquisadores!
Mais do que panfletos, revistas e badulaques em geral (que não foram poucos), voltei para casa com muitas ideias e uma visão mais ampla do birdwatching e seu potencial turístico e educativo. Agora é começar a por as ideias em prática!