Richard Louv cunhou o termo “transtorno do déficit de natureza”, que aparece com frequência nos textos mais recentes sobre educação. Se não me engano este conceito apareceu pela primeira vez neste livro, A última criança na natureza, que foi publicado em 2005.
O livro é embasado quase que exclusivamente na realidade norte-americana. É curioso, por exemplo, o fascínio que o autor tem por casas na árvore e como isso parece ter marcado a infância de várias gerações de norte-americanos, embora poucas crianças da atualidade tenham a oportunidade de construir ou mesmo de brincar em uma casinha dessas. O livro reúne relatos, reflexões e resultados de pesquisas extremamente interessantes, mas confesso que achei um pouco longo e repetitivo.
Resumidamente, Louv ressalta a importância das experiências diretas com a natureza no desenvolvimento da criatividade, do autoconhecimento (solitude é uma palavra que aparece várias vezes ao longo do texto) e até mesmo das relações sociais. O mundo urbano e artificial, por mais tecnológico que seja, não consegue oferecer a mesma riqueza e variedade de estímulos que uma floresta, uma praia ou até mesmo um terreno baldio. Infelizmente o acesso aos ambientes naturais é cada vez menor, por diversos motivos (segurança, distância, tempo, custos, regulamentos, falta de informação e, claro, a redução das áreas verdes).
Criatividade, natureza e emoções humanas não são fáceis de mensurar. Mas de fato parece haver algo de inato e intrínseco nesta necessidade de conexão com a natureza que o autor cautelosamente invoca. Ao que tudo indica, ambientes naturais incentivam o brincar não estruturado (muito diferente dos esportes, por exemplo), assim como o brincar autônomo e espontâneo, essenciais para o desenvolvimento das crianças.
A observação de aves é uma das muitas atividades que Richard Louv comenta e sugere para apresentar a natureza para as crianças. No final do livro há uma extensa lista de ideias para inspirar pais e educadores, que foi adaptada para a realidade brasileira pelo Instituto Alana, que teve a iniciativa de traduzir esta obra para o português.
Sobre o livro:
A última criança na natureza – Resgatando nossas crianças do transtorno do déficit de natureza
Autor: Richard Louv
Editora: Aquariana
Ano: 2016