O Parque do Ingá é meu lugar favorito em Maringá. Toda vez que estou na cidade dou um jeito de passar por lá. Grande, super arborizado, cheio de aves e… bem no centro da cidade! Seria um mar de tranquilidade se não fossem algumas pessoas que insistem em caminhar ouvindo música no último volume.
No centro do parque há um lago, com uma pequena ilha. Qual não foi minha alegria ao descobrir seus habitantes: uma colônia de guaxes (Cacicus haemorrhous), com seus vários ninhos dependurados pela vegetação. A ilha também é local de descanso dos biguás (Phalacrocorax brasilianus), do socozinho (Butorides striata), do martim-pescador-verde (Chloroceryle amazona) e de várias tartaruguinhas.
A ave que chama mais atenção dentro do parque (desconsiderando o espalhafatoso pavão que anda solto por lá) é a gralha-picaça (Cyanocorax chrysops). Bandos numerosos fazem uma verdadeira algazarra, sem demonstrar nenhum medo das pessoas. Sabiás-laranjeira (Turdus rufiventris) também estão por todos os cantos, assim como o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), o joão-de-barro (Furnarius rufus), a asa-branca (Patagioenas picazuro), o chopim (Molothrus bonariensis) e o bem-te-vi-rajado (Myiodynastes maculatus). De manhã cedinho a gargalhada gostosa da choca-barrada (Thamnophilus doliatus) enche o ar. No outono vi um joão-velho (Celeus flavescens) dando sopa, fazendo pose pra foto. Lei de Murphy: claro que eu estava sem câmera.
O parque é famoso por conta dos saguis-de-tufo-branco (Callithrix jacchus), que dominam a área. Esta é uma espécie originária do nordeste do Brasil, mas que foi introduzida aqui mais para o sul. Hoje é facilmente encontrada nas matas da região sudeste, em alguns casos substituindo o nativo sagui-de-tufo-preto (Callithrix penicillata). Não faz muito tempo o Parque do Ingá precisou ser fechado, pois vários saguis morreram misteriosamente.
Outro lugar bacana para observar aves em Maringá é a UEM – Universidade Estadual de Maringá. As árvores dos estacionamentos escondem várias espécies coloridas, como o fim-fim (Euphonia chlorotica), a saíra-amarela (Tangara cayana) e o neinei (Megarynchus pitangua). Nos gramados é fácil encontrar sabiás-do-campo (Mimus saturninus), suiriris-cavaleiros (Machetornis rixosa), quero-queros (Vanellus chilensis) e anus-pretos (Crotophaga ani).
E para fechar minha última viagem à Maringá, o espetáculo das andorinhas na rodoviária! São milhares, que chegam de tardinha para dormir sob aquele telhado imenso. Claro que isso causou muitos problemas para funcionários e viajantes… É um verdadeiro bombardeio lá dentro! Por isso grande parte do telhado já foi devidamente isolado com telas. A foto abaixo é de um trechinho que ainda serve de poleiro. Fiquei na dúvida sobre a espécie. É grande, de peito claro, me pareceu a andorinha-do-campo (Progne tapera). No Wikiaves tem uma foto bem legal do bando chegando na rodoviária e lá foi identificada como a andorinha-azul (Progne subis).